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ORIENTAÇÕES SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA COVID-19 EM PACIENTES COM DOENÇAS AUTOIMUNE REUMATOLÓGICAS E/OU EM USO DE  IMUNOSSUPRESSORES 

Cáris de Rezende Pena. Reumatologista. CRM SC 12.345. RQE 6010. RQE 5998. https://www.instagram.com/carispena/ 

carisrpena@gmail.com 

06/01/2021

 

Em breve estaremos diante da realidade da vacinação contra o Coronavírus no Brasil e diversas dúvidas surgem entre pacientes portadores de doenças reumatológicas autoimunes e/ou em uso de medicamentos imunossupressores.

Até a presente data (06/01/2021), não foram publicadas diretrizes oficiais ou guidelines específicos sobre o assunto pelas diversas sociedades médicas internacionais e nacionais que norteiam o manejo vacinal nestes pacientes como a American College of Rheumatology (ACR), European League Against Rheumatism (EULAR), Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI).

No entanto, o ACR e o EULAR divulgaram em dezembro de 2020 algumas orientações preliminares, baseadas no conhecimento disponível no momento. Segue abaixo a compilação destas publicações, além de outras referências, em formato de perguntas/respostas. 

Conforme surjam novos dados científicos, as recomendações podem ser atualizadas.

 

1) Quais são os tipos de vacina atualmente disponíveis  contra o SARS-CoV-2?

As vacinas que completaram ou se encontram na Fase 3 dos estudos  utilizam diferentes tipo de tecnologia para induzir a resposta imune  que incluem:

TÉCNICAMECANISMO DE AÇÃOLABORATÓRIONOME COMERCIAL
RNA ViralRNA do vírus envolto em uma nanopartícula lipídica (LNP-mRNA) é apresentado e incorporado às células humanas, induz a produção da proteína “Spike” do coronavírus que estimula a resposta imune contra o vírus.UPfizer/BioNTech; Moderna;

BNT162

mRNA-1273

Vetor VitalUtilizam outro vírus, como o adenovírus, para carregar fragmentos do SARS-CoV-2 e estimular a resposta imune contra o vírus.Oxford/AstraZeneca, parceria Fiocruz; Janssen/Cilag(J & J); Gamalaya

AZD 1222

AD26.COV2.S

Sputnik 

ProtéicaUtilizam subunidades virais ou fragmentos proteicos do vírus para induzir a resposta imune- Novavax

NVX-CoV2373

Vírus InativadoUtilizam o vírus inativado para induzir resposta imuneSinovac, parceria Instituto Butantan

Coronavac

 

Nenhuma vacina usando vírus vivo atenuado do SARS-CoV-2 está em ensaios clínicos de fase 3 ou receberam aprovação emergencial para uso. Ou seja, nenhuma das vacinas disponibilizadas para uso é vacina atenuada, produzida através do vírus vivo enfraquecido.

 

2) Pacientes com doenças reumatológicas autoimunes e/ou em uso de imunossupressores podem receber a vacina contra COVID?

Sim.  

Ambas as orientações preliminares, American College of Rheumatology (ACR) e European League Against Rheumatism (EULAR), aconselham que todos sejam vacinados contra COVID-19.

Ressalta o texto do ACR que amplas verificações de segurança com testes rigorosos e procedimentos de licenciamento são necessárias para aprovação de uma vacina pelo FDA (U.S. Food and Drug Administration) e que, quando de sua aprovação, implica que os benefícios da vacinação na prevenção ou redução da gravidade da infecção superam em muito qualquer risco da vacina.

De forma geral, as vacinas habitualmente contra-indicadas para estes pacientes são as de vírus vivos atenuados (exemplos: sarampo, caxumba, rubéola e varicela, febre amarela e herpes zoster ). 

Como nenhuma das vacinas atualmente disponíveis contra o coronavírus é deste tipo, elas podem, conforme dados disponíveis até o momento, serem usadas com segurança neste grupo de pacientes. Caso uma vacina de vírus vivo atenuado seja licenciada para uso, a recomendação deve ser atualizada.

Especificamente para pacientes que fazem uso de Rituximabe (Mabthera), há possibilidade de que a medicação possa anular ou diminuir a eficácia da vacina e portanto, deve ser discutido com seu reumatologista aspectos relativos ao momento infusão da medicação em relação à aplicação da vacina.

Essas informações são baseadas no conhecimento disponível no momento, destacando-se que ainda não existem dados específicos sobre o desempenho/grau de eficácia das vacinas emergentes para COVID em pacientes com doenças reumatológicas e em pacientes tratados com medicamentos que influenciam o sistema imune.

 

3) Quais os efeitos colaterais? 

Ainda é muito cedo para uma resposta definitiva, mas as vacinas testadas são notavelmente seguras, comparáveis às que conhecemos da vacinação contra a gripe. Quanto aos efeitos de longo prazo, também ainda é muito cedo para uma resposta definitiva, mas até agora, as vacinas testadas são extremamente seguras.

 

4) Quando deve ser feita a vacinação?

A vacinação deve ser feita preferencialmente quando a doença não está em atividade, ou seja, quando está bem controlada. Nos pacientes que já estão em uso de medicação imunossupressora, não é aconselhável suspender ou diminuir a medicação para proceder à vacinação pelo risco de reativação ou exacerbação da doença de base; 

Nos pacientes virgens de tratamento, a vacinação deve ser feita, preferencialmente, antes de iniciar-se a medicação imunossupressora.

 

5) Há risco de agravamento da doença após receber a vacina SARS-CoV-2 nos pacientes com doenças autoimunes? 

O risco de agravamento da doença é desconhecido atualmente.

 

6) Os pacientes que já contraíram e se recuperaram de  COVID-19 devem receber a vacina contra SARS-CoV-2?

Nenhuma orientação existe atualmente neste cenário. No entanto, a vacinação após COVID-19 é considerada segura e potencialmente confere proteção adicional. Além disso, de forma comparativa com outras condições como, por exemplo, o herpes zoster, a imunização após a doença é recomendada.

 

7)Após ser vacinado, tenho garantia de que não terei  infecção pelo Coronavírus?

A maioria das vacinas oferece proteção incompleta contra a infecção e é provável que este também seja o caso com vacinas contra SARS-CoV-2. No entanto, mesmo uma proteção parcial será benéfica para os pacientes e para a população em geral. A proteção parcial pode significar que a maioria, mas nem todas as pessoas, desenvolvam imunidade ou que alguns desenvolvam uma imunidade mais fraca mas que, ainda assim, propicia uma infecção menos grave do que teria sido sem a vacinação.

 

8) Quanto tempo durará a imunidade oferecida pela vacina? 

Não está claro até o momento quanto tempo dura a proteção após uma infecção natural com SARS-CoV 2. As mesmas questões se aplicam à durabilidade de proteção após a vacinação, ou seja, não há dados que permitam precisar por quanto tempo a vacina garante proteção.

 

9)Dentre as vacinas atualmente disponíveis, alguma é melhor do que outra para pacientes com doença reumatológica autoimune e/ou em uso de imunossupressor? 

Ainda não há dados que permitam orientar sobre o uso preferencial de uma vacina sobre outra. De forma geral, a vacinação por qualquer vacina é melhor do que nenhuma vacinação.

 

10) Vou precisar de uma vacinação anualmente como com outras vacinações, por ex. gripe?

Muito provavelmente sim.

 

Referências: 

1) EULAR View-points on SARS-CoV-2 vaccination in patients with RMDs.  December 2020. 

Disponível: https://www.eular.org/eular_sars_cov_2_vaccination_rmd_patients.cfm 2) December 2020 update: Information from the American College of Rheumatology Regarding Vaccination Against SARS-CoV-2. 

3) Disponível: https://www.rheumatology.org/Portals/0/Files/ACR-Information Vaccination-Against-SARS-CoV-2.pdf 

4) Houot R, Levy R, Cartron G, Armand P. Could anti-CD20 therapy jeopardise the efficacy of a SARS-CoV-2 vaccine?. Eur J Cancer. 2020;136:4-6.  

doi:10.1016/j.ejca.2020.06.017 

5) Baker D, Roberts CAK, Pryce G, Kang AS, Marta M, Reyes S, Schmierer K,  Giovannoni G, Amor S. COVID-19 vaccine-readiness for anti-CD20-depleting therapy in  autoimmune diseases. Clin Exp Immunol. 2020 Nov;202(2):149-161. 

 

Em caso de dúvidas, procure sempre a  orientação de seu reumatologista

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Cáris de Rezende Pena. Reumatologista. CRM SC 12.345. RQE 6010. RQE 5998. 

https://www.instagram.com/carispena/ 

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06/01/2021

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