Orientações ao Paciente sobre o Coronavírus (COvid-19)
O momento atual é de preocupação com a pandemia de coronavírus. Esta preocupação é real e deve ser levada muito a sério. A experiência nos países mais afetados pela doença até o momento, China e Itália, nos ensina que não há tempo a se perder, não há espaço para desinformação, não há espaço para brincadeiras. Importante destacar que a infecção pelo COvid-19 é algo novo para todos nós, médicos e leigos. Muitas dúvidas surgem neste momento sobre como conduzir os atendimentos médicos, o manejo de doenças e medicamentos de uso crônico. Infelizmente, neste momento, há mais perguntas do que respostas... estamos todos aprendendo juntos... Preparamos este documento, mais especificamente para orientar os pacientes com doenças reumatológicas em tratamento com imunossupressores, com base nas diretrizes publicadas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) em conjunto com outras, em 14/03/2020. Destaca-se que em situações como esta, de pandemia de um vírus pouco conhecido, tudo é muito dinâmico, o conhecimento vai sendo construído a cada dia e as recomendações podem mudar. Assim, fique ligado nas publicações, notas e medidas publicadas por fontes confiáveis como entidades médicas e governamentais.
As medidas de prevenção destacadas ao final servem para todos!
Que possamos juntos superar, com o menor impacto possível, este difícil momento!
Destacam-se abaixo as dúvidas mais frequentes, lembrando que você deve sempre reportar-se diretamente ao seu médico assistente:
DEVO SUSPENDER O TRATAMENTO COM MEDICAMENTOS IMUNOSSUPRESSORES (prednisona, prednisolona, metotrexato, leflunomida, ciclofosfamida, azatioprina, ciclosporina, Micofenolato, infliximabe, adalimumabe, etanercepte, golimumabe, certolizumabe, rituximabe, tocilizumabe, abatacepte, secuquinumabe, ixequizumabe, ustequinumabe, belimumabe, tofacitinibe, baricitinibe)?: como regra geral, não. Não existe nenhuma evidência de que interromper o imunossupressor tenha qualquer efeito protetor contra a infecção pelo coronavirus. Além disso, a suspensão das medicações pode provocar reativação da doença reumatológica de base. Os pacientes devem manter seu tratamento regularmente até recomendação contrária de seu médico. Caso haja sinais de infecção e/ou comprovação da infecção pelo coronavírus, qualquer outra infecção e em algumas situações clínicas específicas, a suspensão deverá ser avaliada pela equipe médica, conforme cada caso. EXCEÇÃO SE FAZ EM RELAÇÃO AO RITUXIMABE. Neste caso, considerando seu mecanismo de ação e meia vida muito longa, sua infusão deve ser, se possível, postergada. Ressaltando-se que sob a orientação específica do seu médico.
2) USO CORTICÓIDE (ex.: prednisona), COMO DEVO PROCEDER? nos pacientes que utilizam doses acima de 20 mg/dia, recomenda-se tentar diminuir a dose o máximo possível, sempre de maneira gradual e sob orientação do seu médico assistente, pois cada caso é um caso. Para pacientes que fazem uso de doses menores que 20 mg/dia (consideradas grau de imunossupressão mais leve), a descontinuação deve ser avaliada individualmente considerando o risco de atividade da doença e do quadro infeccioso pelo especialista que acompanha o caso.
3) USO DE IBUPROFENO: Estudos preliminares sugerem que o uso de ibuprofeno pode estar relacionado a uma pior evolução das alterações pulmonares provocadas pelo novo coronavírus NÃO DEVENDO SER USADO. Em caso de febre e/ou dor, dipirona e/ou paracetamol são indicados, conforme orientação médica. PARA OS PACIENTES QUE FAZEM USO CRÔNICO, RECOMENDA-SE QUE SEJA REVISTA A PRESCRIÇÃO.
4) QUEM DEVE SER TESTADO PARA O CORONAVÍRUS? até este momento, a orientação é que devam ser testados pacientes com suspeita de infecção pelo vírus, de acordo com orientação geral do Ministério da Saúde.
5. AS MEDICAÇÕES PARA OSTEOPOROSE, OSTEOARTRITE (ARTROSE), GOTA, FIBROMIALGIA AUMENTAM O RISCO? ESSAS DOENÇAS ESTÃO INCLUÍDAS NO GRUPO DE RISCO? não. Estas situações não estão relacionadas à imunodeficiências ou ao uso de medicamentos imunossupressores.
6. SOBRE USO DE MÁSCARAS: o uso de máscaras está recomendado apenas para os pacientes com sintomas respiratórios para proteção dos contatos, profissionais de saúde em atendimento de população com potencial suspeição de infecção.
7. SOBRE TRABALHO, AGLOMERAÇÕES E VIAGEM AO EXTERIOR: regra geral para todos é evitar aglomerações, deslocamentos desnecessários, incluindo viagens, exercício de trabalho em casa (home office), remoto, virtual, sempre que possível. Em caso des sintomas gripais devem se afastar de suas atividades profissionais até que estejam completamente livres de sintomas, sempre sob orientação do seu médico.
10. SOBRE CONSULTAS ELETIVAS: a orientação geral é para o paciente agendar uma consulta com o médico nos casos de necessidade de reavaliação para atividade da doença e da medicação em uso, caso contrário, postergar a consulta ou utilizar recursos de comunicação para tirar dúvidas, sabendo ser o ambiente hospitalar de maior risco para contágio.
11. SOBRE VACINAS: vacina contra influenza, pneumococos e coqueluche são recomendadas, caso ainda não tenham sido realizadas. Vacinas de vírus vivos atenuados como sarampo, febre amarela, herpes zoster não são recomendadas para com medicamentos que produzem alto grau de imunossupressão e seu uso deve ser discutido com seu médico.
12. MEDIDAS DEVEM SER ADOTADAS POR TODA POPULAÇÃO
• Lavar as mãos regularmente, por pelo menos 20 segundos, com água e sabão, até a altura dos punhos. Seque-as após a lavagem. Álcool gel a 70% é uma alternativa para momentos em que não houver água e sabonete (pode não funcionar quando as mãos estão muito sujas ou oleosas). Deve ser mantido na mão, deixando-o secar espontaneamente.
• Evitar tocar na face (especialmente olhos, nariz e boca), principalmente quando estiver em ambientes públicos ou aglomerados.
• Para tossir ou espirrar utilizar a face interna com cotovelo como anteparo ou lenço de papel e não a mão.
• Usar lenços de papel descartáveis para higiene nasal.
• Cumprimentos devem ser sem contato direto, evitando apertos de mão, abraços ou beijos.
• Não compartilhe bebidas, refeições, talheres.
• Evitar aglomerações, transportes públicos, feiras, supermercados, shoppings. ABUSE DOS SERVIÇOS DE TELE-ENTREGAS! Higienização e isolamento social são as melhores formas de prevenção!
• Quando for preciso sair de casa, tente manter pelo menos 1,5m de distância das demais pessoas, pois esta medida diminui os riscos de transmissão.
• Viagens, especialmente aéreas, devem ser canceladas ou adiadas.
• Se existe uma suspeita de infecção pelo coronavírus, se houve contato com um caso suspeito, se há infecção confirmada e os sintomas são leves, a pessoa deve permanecer em casa. A ida ao hospital deve ser reservada para os casos com febre, tosse persistente e falta de ar.
• Trabalho domiciliar, sob a forma de home office/teletrabalho é preferível. Mantenha sua mesa e materiais de trabalho limpos com agentes antissépticos e/ou desengordurantes (teclado de comutador, tablets, mouse, canetas, carimbos, etc).
• Mantenha seu aparelho de celular higienizado.
Dra. Cáris de Rezende Pena.
Médica reumatologista.
CRM SC 12.345. RQE 6010. RQE 5998.
18/03/2020
Fonte: ATUALIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PACIENTES COM DOENÇAS IMUNOMEDIADAS REUMATOLÓGICAS, DERMATOLÓGICAS E DOENÇAS INTESTINAIS INFLAMATÓRIAS FRENTE À INFECÇÃO PELO NOVO CORANAVÍRUS .15/03/2020. SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA (SBR), DERMATOLOGIA (SBD) E GRUPO DE ESTUDOS DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DO BRASIL (GEDIIB).